Em baixo, podem ler todas as críticas na íntegra:
Crítica do Cine Pop
‘Harry Potter e o Príncipe Misterioso’ traz a história do sexto ano de Harry Potter na escola de magia de Hogwarts. Enquanto Harry começa o seu ano em Hogwarts, Lord Voldemort traz destruição pela Inglaterra e a necessidade de derrotá-lo torna-se cada vez mais forte. Usando um antigo livro de poções que pertenceu ao Príncipe Meio-Sangue, Harry aprofunda os seus conhecimentos de magia e prepara-se para a guerra. Antes disso, ele precisa de ajudar Dumbledore a descobrir o segredo da cruzada de Voldemort para conseguir a eternidade: o esconderijo das suas Horcruxes.
De todos os filmes da franquia, este pode ser considerado o que mais difere do livro. O guião praticamente alterou rumos da história, mas de uma maneira bem construida e funcional. Afinal, filme e livro são bastante diferentes, e o que funciona num pode não dar certo noutro. A construcção dos personagens ficou mais interessante, e os argumentos do guionista Steve Kloves convencem, sendo coerentes com as atitudes dos protagonistas.
Os actores evoluiram a cada filme e estão cada vez mais ligados aos personagens. Afinal, foram quase 10 anos actuando nos filmes da franquia. Rupert Grint está hilariante como Ron Weasley, e conseguiu uma química óptima com a novata Jessie Cave (Lavender Brown). Emma Watson está cada vez melhor como Hermione, sendo a actriz que teve melhor desempenho desde o primeiro filme, aqui ela prova não ser apenas uma actriz infanto-juvenil que se deu bem numa franquia milionária, e sim uma óptima actriz que evoluiu e merece louvor. Daniel Radcliffe também demonstra amadurecimento e entrega aqui a sua melhor actuação até agora. O elenco de nomes britânicos é invejável. De Helen McCrory (Narcissa Malfoy) e Alan Rickman (Severus Snape) a Jim Broadbent (Horace Slughorn), um show de grande nível de consagrados actores.
A direcção de Yates continua brilhante (mesmo que a minha preferência ainda seja por Alfonso Cuarón, director do perfeito Prisioneiro de Azkaban). Ele consegue manter o clima do livro, adicionando um toque mais sombrio e adulto com uma fotografia impecável, além de criar efeitos visuais e especiais mágicos.
‘Harry Potter e a Ordem da Fénix’ (Nota: o crítico provavelmente deve-se ter enganado, referindo-se a Harry Potter e o Príncipe Misterioso como Harry Potter e a Ordem da Fénix) consegue preparar o público para o final da franquia com louvor, além de deixar a certeza que Yates cumprirá o seu papel e entregará mais dois filmes óptimos. A única tristeza dos fãs é saber que o momento final está a aproximar-se, e a franquia milionária que nunca decepcionou chega ao fim em apenas dois anos."
Nota: 4/5
O humor do filme está impecável e incisivo, e as melhores cenas são dadas pelo relacionamento entre Ron e Lavender, que desperta risadas do público a toda a hora. Paradoxalmente, este romance rende algumas cenas bastante emocionantes, na vertente da reacção de Hermione, que começa a perceber que nutre sentimentos fortes por Ron. A actuação da Emma Watson mostra-se tão natural e pura, que é impossível não nos emocionarmos.E finalmente temos o Quidditch de volta, e com grande estilo. Os efeitos estão impecáveis e as cenas estão extremamente rápidas e dinâmicas, como todos os bons jogos de Quidditch devem ser. É uma pena que a partida em si seja bastante curta, sendo principalmente focada nas artimanhas de Ron como Keeper.
Outro ponto forte do filme é a relação de Harry e Dumbledore, que definitivamente atinge um novo patamar neste filme, oscilando em momentos amigo-amigo e pai-filho, com diálogos repletos de metáforas e sentimentalismo, o que foi uma grande sacada do director como ultima tentativa para tentar cativar os fãs em relação ao Dumbledore de Michael Gambon. E a tentativa foi um êxito.
Jim Broadbent interpreta fantasticamente Slughorn, e rende óptimas cenas no decorrer do filme, quer pela sua própria actuação, quer pelas circunstâncias em que se encontra, como a cena do Clube de Slughorn, que é de óptimo gosto e humor.
O trio principal está mais entrosado que nunca, o que é reflexo tanto do amadurecimento profissional dos actores quanto da direcção apurada, e finalmente denotam a amizade que víamos nos livros. Pelo andar das coisas, poderemos esperar um show da parte do trio no próximo filme da série.
Como já mencionado em inúmeras críticas, a fotografia do filme está meticulosamente trabalhada, com tomadas belas, repletas de nuanças e ângulos inusitados. Muitos recursos de filmagem esbanjam-se nas cenas que envolvem o Pensatório, cujo conceito de arte está extremamente interessante, e a funcionar muito bem no ecrã, com memórias bastante concisas, porém suficientes para a trama.
Este filme mistura o que há de melhor na série: o clima de novidade, alvoroço e magia dos dois primeiros fimes, momentos sombrios do terceiro, humor do quarto, só que muito mais refinado, e actuações e resgate de eventos do quinto filme. Esta miscelânea finalmente criou o filme que muitos fãs estavam à espera, um filme que faz jus ao sucesso da série, um filme que desperta as mais diversas emoções, que nos fornece momentos de risadas, sustos, lágrimas e ansiedade.
Como adorador de cinema, posso dizer que o filme foi feliz em todos os seus aspectos: dirigido com afinco, fotografia impecável, actuações memoráveis, efeitos inacreditáveis e narrativa fluente. Como fã, posso dizer que não consegui ficar mais que cinco minutos com os olhos secos."
Desprezemos sinopse abreviada para introdução, afinal, é o tipo de conteúdo que se encontra em qualquer texto avaliativo do filme. O que interessa, de facto, é como tudo foi conduzido. A trama do homónimo literário gira em torno de um livro encontrado por Harry na primeira aula de Poções no sexto ano de escola e percorre o passado “íntimo” de Lord Voldemort a fim de encontrar brechas que expliquem como ele alcançou o poder rapidamente. Além, obviamente, das hormonas que entram em ebulição e corroem os jovens tão rápido quanto a Poção do Morto-Vivo experimentada na aula.
Príncipe Misterioso é um livro centrado. Toda a sua abordagem é referente ao que virá a ser útil no seu último capítulo e as poucas sub-tramas transformam-se num valioso método de evidenciar a essência dos personagens adolescentes numa etapa importante da vida. Curiosamente, o filme tende a aproveitar mais este termo de segundo plano, mas sem precisar de desmerecer a linha central. Não é mentira que o guião exerce inúmeros cortes que eram o foco de atenção dos leitores. Contudo, o modo como a “sobra” foi amarrada é fruto de uma competência tamanha que torna insignificante, no ecrã, o que foi perdido. De facto, muitas das origens e actos de Tom Riddle quando jovem entraram pelo Armário de Desaparecer e perderam-se. Mas Steve Kloves manteve o essencial para criar uma linha narrativa dinâmica e coerente, justificando cada acção dos personagens, dando-lhes o tempo e o argumento suficientes para valorizarem a sua presença.
Ao contrário de alguns dos filmes anteriores, Príncipe Misterioso consegue atribuir aos menos favorecidos dentro da história um lugar ao Sol; e isso amplia-se graças ao bom trabalho do elenco. Ron Weasley é visível como a veia cómica do filme. O relacionamento de Rupert Grint com Jessie Cave (que interpreta a Lavender Brown) surtiu um bom resultado, brotando passagens divertidas e sem exageros. Emma Wattson também progrediu. Mesmo estando um pouco distante do talento de Rupert, a actriz é mais segura nas suas expressões faciais e movimentações em cena, dando maior fluidez à Hermione – que protagoniza óptimas cenas de descanso para com os piropos de Cormac McLaggen. O romance no ecrã é um ponto que contraria expectativas. Se antes a ideia soava desnecessária e controvérsia, ao atentar para o resultado final, tudo se torna plausível. Enquanto algumas mensagens são delicadas, outras resultam em verdadeiras matérias-prima ao riso, contrabalanceando no centro da projecção com o tom obscuro que se aloja em cada canto de Hogwarts; além, é claro, de servir como válvula para dar espaço certo na história para os adolescentes. Definitivamente, um êxito inesperado.
Mas não é só a qualidade do guião e o seu desenrolar ao longo das duas horas e meia que se destacam. O apuro artístico do impecável elenco britânico é invejável. A actuação de Helen McCrory como Narcissa Malfoy vale os poucos minutos no ecrã, ao passo que Helena Bonhan Carter manteve o mesmo tom anterior como Bellatrix Lestrange. Já Michael Gambon profere falas de efeito nalguns momentos e de humor leve noutros sem destoar como o Professor Albus Dumbledore. Mas os destaques ficam para Alan Rickman (Severus Snape) e Jim Broadbent (Horace Slughorn) – que atinge um nível de brilhantismo tão incomum que se torna o próprio conceito de Horace. O primeiro prova a sua superioridade diante dos demais no comando de um papel de coadjuvante enquanto o segundo demonstra conforto e interesse em cada linha dita pelo novo professor de Poções. Snape (agora professor de Defesa Contra as Artes das Trevas) é a maior fonte do humor negro no Príncipe Misterioso, deixando para Slughorn os atributos de um humorista nato.
O que já era usual nos filmes da série Potter, o avanço técnico em relação aos capítulos anteriores, retorna. No Prisioneiro de Azkaban, Buckbeak, o hipogrifo, foi o centro das atenções e despontou a franquia no bom uso da computação gráfica. No Cálice de Fogo, dragões, sereias e labirintos tomaram a frente. No mais recente Ordem da Fénix, os efeitos visuais vieram para mostrar o quão violento pode ser o mundo mágico sob o fogo cruzado. Agora, a qualidade técnica liga-se ao dote artístico. A fotografia de Bruno Delbonnel é impecável. Como director desta área, Delbonnel soube com extrema competência explicitar o que cada cena representa; tudo através do bom jogo de luz, sombra e filtros que atribuem a tonalidade certa aos momentos, sem excepções. Fora a não intimidação diante da necessidade de interagir com os efeitos visuais que o director David Yates soube comandar muito bem. O seu uso é unicamente para ajudar a contar uma história, sem abusos. A direcção de arte também se renovou, assim como os figurinos. Em seis filmes, o conteúdo dos corredores de Hogwarts já está impresso num mapa na mente do público. Mas ainda há para onde evoluir. A Sala das Necessidades reaparece lotada dos mais diversos objetos mágicos que formam uma composição visual cheia e atraente tamanha complexidade, enquanto a loja dos irmãos Weasley é um primor por apresentar elementos divertidos numa passagem despretenciosa – um deles, aliás, resgata uma “querida” personagem do filme anterior.
O acto de se conter fez das cenas de acção pouco presentes, contudo, suficientes e satisfatórias. Um dos grandes méritos do “Príncipe” é justamente este: o filme não se sustenta em sequências mirabolantes recheadas de pura pirotecnia hollywoodiana, e alcança a qualidade através de uma narrativa bem arquitectada. Enquanto tantas superproduções apelam para a batalha visual, esta diminuiu-as, valorizando-as quando existentes. Um mérito também da direcção. Agora mais firme e ousado, Yates não poupa planos aéreos, utiliza a visão ampla e bons manejos da câmera para enaltecer a acção – a exemplo estão o treino e a espetacular partida de Quidditch.
A perspectiva diferenciada e mais melancólica do universo mágico faz do sexto filme um título, talvez, distante do que já vinha a ser apreciado no ecrã. Gradativamente, a película prepara o público para o espectáculo final que está por vir, recorrendo sabiamente à emoção. De qualquer forma, a empreitada pode ser perigosa. Afinal, num momento em que o público clama por tantas movimentações articuladas pelos fabulosos efeitos visuais num único filme, uma produção como Harry Potter e o Príncipe Misterioso pode encontrar-se em apuros por não se prestar a encher de caraminholas imprestáveis a cabeça dos fãs. Mas se houver um mínimo de comprometimento e interesse da platéia em apreciar o emocional de um produto tão visado como este, então o jovem Potter certamente terá mais companhia na sua caçada pelas Horcruxes. Mas, sinceramente, alguém ainda duvida desta possibilidade?"
[Fonte: HPImagens e PotterNews]
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